Ousmane Sembene, cinema africano 101
Talvez por ironia da história, aquele que é considerado o primeiro filme Africano foi filmado na Côte d'Azur. La Noire de... (1966), em impecável retorno do predicamento colonial, conta a história de uma ama senegalesa tornada criada de patrões franceses, e dos dramas de viver numa Europa onde não pode pertencer. Foi o primeiro filme de um realizador africano a ser distribuido comercialmente na Europa. Ousmane Sembène, o realizador e "pai do cinema africano" , morreu este Domingo e ninguém parece ter prestado grande atenção: há 3 notícias sobre a sua morte em news.google.pt, nenhuma de fontes portuguesas (ainda não consegui encontrar uma única referência em jornais portugueses)
Para além de La Noire De, só vi Camp de Thiaroye (1988) e Faat Kiné (2000). São as histórias de um ex-veterano da 2a guerra mundial que recusara a pensão de combatente, antigo trabalhador nas docas de marselha, decidido a escrever e filmar de África à boa maneira do griot, apesar da censura e da falta de meios. O louco de Camp Thiaroye será dos personagens mais complexos da história do cinema (tanto mais que outro louco, Michael Taussig, pega nele em Mimesis and Alterity). Diop Mambety (sobretudo em 'Hienas', 1992) continua a ser o meu realizador senegalês preferido, mas Sembène é Sembène. E por isso o silêncio dos media em Portugal me faz comichão. Não sabem, inventem, não é assim?
1 comentário:
En España só se estreou un único filme de Sembène, o último: "Moolaadé". Tampouco foi editada ningunha das súas novelas e relatos até agora, cando unha editorial galega, Rinoceronte, vén de sacar ao mercado unha tradución de "Le mandat", "O xiro postal".
Enviar um comentário