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quarta-feira, setembro 12, 2007

SHOUT! É hoje


Trezentos milhões de dólares foi quanto Mugabe doou à Igreja Católica no Zimbabué aqui há uns dias (notícia aqui). O que mais me choca não é a Igreja ter aceite o dinheiro; o que me choca mesmo é o facto desse dinheiro, 300 milhões zw$, não valer mais que $1000 usd em transação de rua. Parece anedótico mas não é: um rolo de papel higiénico leva menos papel do que aquele que é necessário para o comprar, em notas pequenas. Aqui fez-se uma conta simples: um maço de cigarros nas ruas de Harare foi visto à venda por Z$997 000. Até há um ano atrás, essa conta teria mais 3 zeros, ou seja 997 milhões. Aos preços de 1985, o autor dessas contas teria comprado a sua casa 39 mil vezes pelo preço de um maço de cigarros hoje. Colapso é dizer pouco sobre o que se passa hoje no Zimbabué, e a questão é saber quando vai acontecer, o que quer que aconteça.

Entretanto, podem sempre passar ali pelos lados do Braço da Prata, a caminho da expo. Soube do grito pela democracia e liberdade no Zimbabué pela Marta Lança. E é hoje às 21h30 na Ler Devagar*.

«Shout! Pela Democracia e Liberdade de Imprensa no Zimbabué».

Esta iniciativa decorre simultaneamente em variadas cidades do Mundo e consiste na leitura colectiva de poemas de autores zimbabueanos em espaços públicos, nas rádios locais ou nacionais, e é promovida pela Fundação Peter Weiss for Art and Politics no âmbito do Festival Internacional de Literatura de Berlim (de 4 a 16 de Setembro nesta cidade).

Lisboa junta-se ao apelo lançado pela Peter Weiss e propõe a leitura de poemas de autores zimbabueanos e ainda de outros autores (Mia Couto e João Cabral de Melo Neto são alguns) que enformem o alerta que se pretende deixar ao Mundo: a realidade no Zimbabué é desesperante, os media são controlados e a informação manipulada, o povo tem fome e as perseguições políticas assumem cenários dantescos.

Nomes como Luanda Cozetti (cantora), Chullage (rapper), Nástio Mosquito (performer), Tiago Gomes (editor), Belen (actriz argentina), Meirinho (actor) e Danae (cantora) confirmaram a sua participação no evento. Começa às 21h30.

*A livraria Ler Devagar/Eterno Retorno em Braço de Prata (antiga fábrica de armamento) fica junto à rotunda 25 Abril, a caminho do Parque das Nações. Na direcção Santa Apolónia-Expo encontra esta rotunda após os cilos da fábrica, faça meia rotunda para trás e entre na rua estreita à direita. Percorra o muro e entre no portão à direita. Estacionamento privativo e gratuito.
Manifesto pode ser lido aqui.
Sokwanele - Zvakwana (enough is enough) é um grupo de acção cívica interessante. E vale a pena acompanhar o blog, escrito do Zimbabué.

(isto segue em duplicado daqui)

terça-feira, junho 12, 2007

Ousmane Sembene, cinema africano 101


Talvez por ironia da história, aquele que é considerado o primeiro filme Africano foi filmado na Côte d'Azur. La Noire de... (1966), em impecável retorno do predicamento colonial, conta a história de uma ama senegalesa tornada criada de patrões franceses, e dos dramas de viver numa Europa onde não pode pertencer. Foi o primeiro filme de um realizador africano a ser distribuido comercialmente na Europa. Ousmane Sembène, o realizador e "pai do cinema africano" , morreu este Domingo e ninguém parece ter prestado grande atenção: há 3 notícias sobre a sua morte em news.google.pt, nenhuma de fontes portuguesas (ainda não consegui encontrar uma única referência em jornais portugueses)

Para além de La Noire De, só vi Camp de Thiaroye (1988) e Faat Kiné (2000). São as histórias de um ex-veterano da 2a guerra mundial que recusara a pensão de combatente, antigo trabalhador nas docas de marselha, decidido a escrever e filmar de África à boa maneira do griot, apesar da censura e da falta de meios. O louco de Camp Thiaroye será dos personagens mais complexos da história do cinema (tanto mais que outro louco, Michael Taussig, pega nele em Mimesis and Alterity). Diop Mambety (sobretudo em 'Hienas', 1992) continua a ser o meu realizador senegalês preferido, mas Sembène é Sembène. E por isso o silêncio dos media em Portugal me faz comichão. Não sabem, inventem, não é assim?

terça-feira, fevereiro 27, 2007

segunda-feira, julho 10, 2006