Bater mais um pouco no ceguinho: para as gentes da cena antipática
Desejo um ano de 2006 em pleno cumprimento da lei ao Sun Tzu e ao Xico Nhoca. Não quero voltar a um assunto antigo mas como fui acusado, porventura justamente, de 'não perceber nada', digo só que não sou o primeiro a achar estranha esta relação entre lei, crime e capitalismo.
O meu presente de 2006 para vocês antipáticas é um excerto de um texto de Marx, chamado "The Usefulness of Crime" [seguirá em Inglês, é a cópia que tenho]
"A philosopher produces ideas, a poet verse, a parson sermons, a professor text-books, etc. A criminal produces crime. But if the relationship between this latter branch of production and the whole productive activity of society is examined a little more closely one is forced to abandon a number of prejudices. The criminal produces not only crime but also the criminal law; he produces the professor who delivers on this criminal law, and even the inevitable text-book in which the professor presents his lectures as a commodity for sale in the market. There results an increase in material wealth, quite apart from the pleasure which...the author himself derives from the manuscript of this text-book" (theories of surplus value, vol.1)
Como os Anthrax avisavam em 1982...
...e a verdade é que vocês, com aquela festa, mostraram como estão por dentro do sistema que tanto criticam (para reciclar em cliché algo que estarão fartinhos de ouvir). Mas parece-me mesmo que não foram capaz de evitar reproduzir a relação de que Marx falava, ou na "alimentação de esquemas sub-capitalistas ... que, eventualmente até de maneira mais feliz, vão funcionando sujeitos à mediocridade geral dos quotidianos", como diz o Sun Tzu. Da mesma maneira que as festas de rua que vierem a organizar pagam as polícias que vos protegem, e só legitimam a sua existência. Vocês limitaram-se a perpetuar velhas relações, não as reinventaram.
Nota final: apesar de bater no ceguinho, gostei muito do texto de Sun Tzu nas edições Antipáticas. Tenho só pena que o 'hedonismo' seja a cataquese sebastianianista da cena antagonista: como Sun Tzu escreveu, "Perante um imaginário ríquissimo em emoções, histórias e valores estétitcos de um charme aventuroso inegável...é apenas natural, para não dizer inteligente, que muitos se desiludam abandonando a cena e os projectos que lhe dão corpo, dedicando-se ao hedonismo"(Diatribes das Edições Antipáticas nº1: A violenta agressão ao ceguinho).
Daria vontade de rir, se não fosse tão trágico.
E como esta é uma história muito antiga, segue também outro fetishe marxista, de tendência groucho, mais do vosso agrado. Também é sobre advogados, tenho a certeza que escolherão o melhor dos melhores para vossa defesa.
Groucho (clip de filme)
1 comentário:
epá o FC tem razão, o que é verdadeiramente subversivo hoje em dia é ter uma bolsa fullbright e tirar um doutoramento nos states.
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